Teste do coronavírus: quando e qual tipo fazer?
Publicado em 6 de agosto de 2020

Teste do coronavírus: quando e qual tipo fazer?

A Anvisa liberou mais de 340 tipos de exames relacionados à Covid-19. Confira o mais indicado para cada paciente

Testar, testar e testar. A testagem em massa, assim como o isolamento social, são as principais recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o enfrentamento da Covid-19. 

A estratégia permite que os governos entendam a cadeia de propagação do vírus e tomem medidas para isolar e bloquear a transmissão. O resultado é simples: quanto mais exames, menor é o número de mortos.

Dados do site Worldometer, atualizados no início de agosto, mostram essa relação. Cingapura, por exemplo, fez 251 mil testes por milhão de habitantes e conta com apenas 27 vítimas fatais do novo coronavírus. A Austrália, 181 mil testes por milhão de habitantes e tem 255 mortos

O momento em que a medida é adotada também faz a diferença entre a vida e a morte. Países como o Reino Unido, onde os testes massivos começaram após a doença se alastrar, computam mais mortos, apesar de terem um maior número de testagem. Os ingleses fizeram 257,8 mil testes por milhão de habitantes e totalizam 46,4 mil falecidos

Aqui no Brasil, o número de testes ainda é baixo na comparação com as demais nações. Até 6 de agosto, somava 62,6 mil testes por milhão de habitantes e mais de 97,6 mil mortos. 

Porém, testar massivamente também significa saber escolher entre os exames disponíveis e o momento ideal de uso de cada um. 

A Anvisa aprovou, até agosto, mais de 340 testes do coronavírus. 

Diante de tantas opções, qual escolher? Como evitar falsos negativos? É o que explicaremos neste artigo. Vamos lá? 

Imagem de um médico segurando um tubo escrito Covid-19.
Até agosto, o Brasil realizou 62,6 mil testes por milhão de habitantes. Foto: Getty Images.

Teste do coronavírus: quais existem? 

De acordo com a Anvisa, existem dois tipos principais de exames para diagnosticar a Covid-19:

  • RT-PCR
  • Detecção de anticorpos

Tais exames usam diferentes metodologias para detecção de anticorpos ou de partes do vírus e, por isso, são usados em momentos distintos da doença

Assim, órgãos de saúde recomendam que os testes sejam realizados sempre mediante pedido e orientação médica, independentemente de o exame ser feito em uma farmácia, clínica, hospital ou posto de atendimento. 

Apesar de todos os exames terem o selo da Anvisa, os registros concedidos na condição emergencial terão validade de um ano, enquanto os demais terão prazo de 10 anos.

RT-PCR

É a sigla para Reverse Transcriptase – Polymerase Chain Reaction ou, em português, transcrição reversa seguida de reação em cadeia polimerase. 

O exame molecular é considerado padrão ouro, sendo definido pela OMS como o teste do coronavírus definitivo para determinar se a pessoa tem ou não a doença.

Esse teste verifica a presença de material genéticos (RNA) e fragmentos (antígenos) do vírus e releva se o paciente está doente no momento da realização do exame. Ou seja, no momento em que o vírus está ativo no organismo. 

Porém, não detecta contágios anteriores, conforme informações da Anvisa

O tempo de espera do resultado varia de dois a quatro dias, podendo mudar conforme o laboratório e a quantidade de testes em análise.

Imagem de um médico fazendo teste de coronavírus com uma hastes no nariz do paciente.
Uma das maneiras de se fazer o teste RT-PCR é com secreções do nariz. Foto: Getty Images.

Outra opção

Além do RT-PCR, outro teste molecular é executado no país desde junho. Batizado de “Pare Covid”, o exame é uma parceria do Hospital Sírio-Libanês e o laboratório brasileiro Mendelics.

O teste é realizado pela saliva, o resultado sai em uma hora, tem a sensibilidade semelhante ao RT-PCR (80%) e, de acordo com o laboratório, apresenta especificidade de 100%. Ou seja, de todos os testes realizados, não apresentou nenhum falso positivo. 

Quem deve fazer? 

Quem está com a doença, principalmente pacientes graves que estão entre o terceiro e o sétimo dia desde os primeiros sintomas da doença

No exame convencional, a amostra usada no teste pode ser obtida por secreções coletadas pelas vias respiratórias, como nariz e garganta.

Já no exame “Pare Covid”, o teste é realizado a partir da coleta da saliva. 

Testes para detecção de anticorpos

Os mais comuns são os chamados de testes rápidos (IgM/ IgG) que podem ser realizados em clínicas, hospitais, postos de coletas ou nas farmácias, a partir de uma amostra de sangue do paciente. Os resultados saem entre 10 e 30 minutos. 

Segundo a Anvisa, esses exames são específicos para detectar os anticorpos produzidos nos organismos de pessoas expostas à Covid-19. 

Portanto, diferente do teste RT-PCR, os testes sorológicos indicam se o paciente já teve contato com o vírus. Ou seja, não detecta o novo coronavírus, mas a carga imunológica após o contágio. 

Apesar de não ter a função de diagnóstico, de acordo com os órgãos de saúde, o objetivo desse tipo de teste do coronavírus é auxiliar no mapeamento da população imunizada.

Além do teste rápido IgM/IgG, a Anvisa também aprovou outros exames para detecção de anticorpos, entre os quais:

  • Exame de Sorologia de Anticorpos Totais: avalia o contato prévio com o vírus ao liberar um único resultado quantitativo, classificado como “reativo” ou “não reativo”. É diferente das sorologias tradicionais, como IgM/IgG, pois permite identificar o tipo de anticorpo e  investiga quando aconteceu o contato com o vírus;
  • Algoritmo Sorológico: é um exame baseado na recomendação do CDC americano realizado em duas etapas. A primeira é realizada a partir do teste de sorologia de anticorpos totais. Nos casos positivos, é realizada o exame de sorologia discriminatória de anticorpos IgM/IgG.
Imagem de um teste rápido.
Teste rápido é realizado com coleta de sangue dos pacientes. Foto: Getty Images.

Quem deve fazer? 

Quem está com a doença já algum tempo. Deve ser realizado pelo menos 10 dias após o início dos primeiros sintomas, uma vez que é preciso ter uma quantidade mínima de anticorpos para que o exame consiga ser efetivo, o que é chamado de janela imunológica. 

A realização dos testes antes desse período pode levar a falsos negativos. 

De acordo com o Ministério da Saúde, os teste rápidos apresentam uma taxa de erro de 75% para resultados negativos

Os órgãos de saúde alertam, ainda, que assintomáticos ou pacientes com quadro leve da doença muitas vezes não desenvolvem anticorpos detectáveis pelas metodologias dos exames rápidos, o que também geraria um falso negativo. 

Além disso, segundo a Anvisa, o teste rápido positivo também pode indicar contato com outros tipos de coronavírus, gerando, assim, um falso positivo

Por isso, os órgãos de saúde reforçam que esses exames não servem para confirmar ou descartar uma infecção por Covid-19.

Nos casos dos exames de Sorologia de Anticorpos Totais e Algoritmo Sorológico, ambos são indicados para pacientes que tiveram os sintomas com início há mais de 14 dias ou em pessoas sintomáticas que testaram negativo para o RT-PCR.  

Imagem de um médico com um kit de exame da Covid-19.
É recomendado que o médico faça a solicitação do teste do coronavírus. Foto: Getty Images.

Tenho anticorpos, estou imune? 

De acordo com o pesquisador da Fiocruz, Zilton Vasconcelos, não existem estudos que comprovem ou refutem a imunidade protetora. 

“O conhecimento que se tem atualmente é baseado nas outras coronaviroses, onde estima-se uma imunidade por períodos superiores a um ano.”

Pesquisador da Fiocruz, Zilton Vasconcelos.

Da mesma forma, não se tem certeza se uma com carga imunológica pode transmitir ou não novo coronavírus. 

Por isso, o recomendado é quarentena de 14 dias após o início dos sintomas, independentemente de presença de anticorpos ou testes moleculares negativos.

Onde fazer teste do coronavírus?

Os testes do coronavírus são realizados em hospitais, clínicas médicas, postos de coletas, laboratórios, além de 200 farmácias e drogarias pelo país, desde a liberação da Anvisa, em abril, conforme a Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias).  

Os exames podem ser realizados de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde) ou pelos convênios médicos mediante pagamento. 

Em junho, por determinação judicial, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) incluiu os testes sorológicos para Covid-19 no rol de coberturas obrigatórias dos planos de saúde. 

No entanto, em julho, o órgão regulador conseguiu derrubar na Justiça essa obrigatoriedade.  

De acordo com matéria publicada no Jornal Estadão, o preço médio dos exames para Covid-19 varia entre R$ 240 e R$ 470.

A exceção é o teste da parceria entre o Hospital Sírio-Libanês e o laboratório brasileiro Mendelics, cujo valor médio é de R$ 95.

Imagem de um médico segurando um teste de coronavírus.
Testagem em massa é uma das estratégias de controle da Covid-19. Foto: Getty Images.

Conclusão

A testagem em massa é uma estratégia que ajuda a salvar vidas e a reduzir a velocidade de contágio da Covid-19.

Porém, existem vários tipos de teste do coronavírus, com metodologias distintas, que podem ser usados em diferentes etapas da doença

Por isso, o recomendado é que o médico faça a solicitação, bem como a interpretação dos resultados, independentemente de o exame ser realizado em um hospital ou uma farmácia. 

Até porque, se o teste for feito dentro do prazo errado, por exemplo, o resultado pode ser um falso negativo ou um falso positivo. 

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