Publicado em 18 de agosto de 2020
Qual a relação entre uma dieta saudável e o tratamento de câncer?
Cerca de um terço das mortes está relacionado ao alto índice de massa corporal e baixo consumo de frutas e legumes de quem tem a doença
Quem passa por um tratamento de câncer precisa de uma alimentação equilibrada para fortalecer o corpo, amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia ou radioterapia e evitar a degeneração dos tecidos ou ajudar na reconstrução daqueles que a medicação prejudicar.
Outro ponto sensível são as infecções. Quando o corpo não ingere a quantidade suficiente ou o tipo certo de alimento, utiliza os nutrientes armazenados como fonte de energia.
Com isso, as defesas naturais diminuem e o organismo fica enfraquecido, dificultando o tratamento e trazendo maior risco de infecções.

De acordo com a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), o câncer é uma das principais causas de mortes no mundo.
Segundo estudos, a genética corresponde entre 5% e 10% das causas de câncer, sendo que 90% a 95% ocorrem por causas ambientais. E, destas, aproximadamente 30% a 35% tem a má alimentação como gatilho.
Ainda conforme a OPAS, cerca de um terço das mortes por câncer se devem aos principais riscos comportamentais e alimentares associados à doença:
- Alto índice de massa corporal;
- Baixo consumo de frutas e vegetais;
- Falta de exercício físico;
- Uso de álcool e tabaco.

Dieta para tratamento de câncer
Portanto, a alimentação pode e deve ser usada antes, durante e após o tratamento de câncer para fortalecer os pacientes. Entre os alimentos mais recomendados para refeições saudáveis, estão:
- Frutas;
- Legumes;
- Verduras;
- Cereais;
- Carnes magras;
- Peixes.
No entanto, a nutricionista clínica funcional, Juliana Geraix, especialista em alimentação para pacientes com câncer, explica que é importante ter uma dieta individualizada e para cada etapa da doença e do tratamento.
“Além disso, deve-se reforçar a defesa imunológica do próprio indivíduo, ressaltando que a maior parte das células imunológicas está no trato gastrointestinal. Nesse sentido, é preciso uma alimentação rica em fibras, alimentos fermentados e naturais e com baixas quantidades de gorduras trans ou processados.”
Nutricionista clínica funcional, Juliana Geraix.
Entre esses alimentos que podem auxiliar o sistema imunológico, temos:
- Alho;
- Amêndoas;
- Brócolis;
- Espinafre;
- Iogurte desnatado;
- Melancia;
- Repolho.
De acordo com a especialista em nutrição clínica do Centro de Oncologia do Sírio-Libanês, Francine Nagao Peixoto, também é importante acrescentar às refeições diárias o azeite extravirgem, o abacate e as frutas oleaginosas, como castanha-do-pará, de caju e amendoim.
“Esses alimentos têm efeito cardioprotetor e ajudam no funcionamento cerebral.“
Especialista em nutrição clínica do Centro de Oncologia do Sírio-Libanês, Francine Nagao Peixoto.
Para os pacientes que apresentarem náuseas e vômitos durante o tratamento, o recomendado é comer alimentos leves, com menos cheiro e porções mais fracionadas.
Já para os que sofrem com a diarreia, é preciso retirar da dieta o consumo de leites e seus derivados, assim como verduras ou frutas que estimulam o funcionamento do intestino. Outro efeito colateral pode ser a perda de musculatura e o emagrecimento. Por isso, é importante a ingestão de proteínas, como carnes magras, peixes e ovos.

Dicas de alimentação
O ideal é ter um acompanhamento nutricional, de modo que o especialista avalie a melhor dieta conforme o tratamento e os efeitos colaterais sentidos pelo paciente.
Apesar disso, confira algumas instruções simples de como organizar uma dieta balanceada durante o tratamento de câncer:
- Coma pequenas porções a cada três horas;
- Coma devagar e mastigue bem os alimentos;
- Consuma, pelo menos, três porções de frutas por dia e três de legumes;
- Diminua o consumo de fritura e alimentos com sal;
- Hidrate-se com água, sucos naturais e água de coco;
- Prefira leite e seus derivados desnatados;
- Varie entre as fontes de proteínas: carne, frango, peixe e ovo.
Mitos e verdades sobre a alimentação
Apesar de uma dieta saudável contribuir para a prevenção e o tratamento do câncer, o INCA (Instituto Nacional do Câncer) alerta para falsas promessas de curas.
Não existe nenhum alimento milagroso ou que possa, sozinho, curar a doença.
A seguir, confira outros exemplos de mitos e verdades que envolvem o tratamento de câncer e uma dieta balanceada:
Mitos
- Carboidratos alimentam o câncer: isso não é verdade! Alimentos como pão, farinha de trigo, açúcar e arroz têm como principal função fornecer energia (glicose) para as células. Ao deixar de consumir carboidratos, seu organismo encontrará outras fontes de glicose, como, por exemplo, usar as proteínas dos músculos. Dessa forma, você perde peso e músculos, o que prejudica o tratamento;
- Cortar carboidratos ajuda no tratamento: de acordo com o INCA, até o momento, não existem evidências científicas que confirmem que cortar carboidratos ajuda a eliminar o câncer em humanos. O que é orientado é evitar alimentos ultraprocessados, como biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes, macarrão instantâneo e barras de cereais;
- Proteínas animais devem ser cortadas: comer carne vermelha, ovos e queijos, por exemplo, é importante para, entre outras coisas, manter os músculos saudáveis. Afinal, são os alimentos ricos em proteínas que dão força para as tarefas diárias e reduzem as chances de efeitos colaterais, como quedas e fadiga;
- Cogumelo do sol, graviola e chá verde curam o câncer: não existe nenhum alimento que seja capaz de curar um tumor. Existem evidências de que a alimentação saudável auxilia na prevenção e no tratamento do câncer. Uma dieta balanceada fortalece as defesas do corpo e diminui as chances de prejuízos no estado nutricional durante o tratamento. Mas não cura o câncer.

Verdades
- É possível evitar o câncer a partir da alimentação: uma dieta rica em alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, legumes, verduras, cereais e feijão, é capaz de prevenir o surgimento da doença e contribui com o tratamento;
- Refrigerantes têm corante que favorece a formação do câncer: de acordo com a OMS e um estudo do Center Science in the Public Interest, nos EUA, os refrigerantes contêm uma substância classificada como possivelmente cancerígena (4-Ml, subproduto do corante de caramelo);
- Aquecer alimentos em recipientes plásticos pode aumentar o risco de câncer: é verdade! O aquecimento de refeições em objetos plásticos pode liberar substâncias nocivas com potencial cancerígeno, como dioxina e bisfenol. Como não existe segurança de que essas substâncias estarão ou não presentes, é importante não aquecer alimentos em recipientes de plástico, inclusive mamadeira;
- O excesso de gordura corporal aumenta o risco de ter câncer: é verdade, pois provoca alterações hormonais e um estado inflamatório que estimulam a proliferação de células e inibem a morte das mesmas. Por isso, a gordura contribui para a formação e progressão de diversos tipos de câncer.

Alimentos a serem evitados
Diante disso, durante o tratamento de câncer, os nutricionistas recomendam que alguns alimentos, principalmente os com maior quantidade de gorduras, açúcares e sódio, sejam evitados, tais como:
- Alimentos industrializados;
- Queijos amarelos (quanto mais amarelo, mais gordura e sal);
- Embutidos, como salsichas, linguiças e salame devido ao sódio e à gordura;
- Bebidas alcoólicas;
- Refrigerantes;
- Chá preto e café;
- Sucos artificiais.
Conclusão
Estudos atestam que uma alimentação saudável é fundamental não apenas para a prevenção, mas também para o tratamento do câncer.
Uma dieta balanceada contribui com o fortalecimento do organismo, ameniza os efeitos colaterais das medicações e evita a degeneração de músculos e tecidos, o que favorece a melhora da saúde e bem-estar do paciente.
Por isso, estar atento a nossa alimentação é importante, ainda mais quando estamos em tratamento de um câncer.
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